26 de fevereiro de 2013

São Paulo


Horário de almoço. Sai com um vestidinho xadrez azul e uma sapatilha verde água. Tinha uns compromissos no centro, como agendar a 2ª via do RG no Poupatempo. Caminhei até lá, descobri o lugar, fui bem atendida e marquei o horário. Caminhei novamente até meu prédio. Seria mais um rolê normal, se não fossem as circunstâncias no meio do caminho. Estava no meio da Praça da Sé, atravessando para chegar ao local, e todas as pessoas que me cercavam ali, eram pessoas em situação de rua (sim, essa é a maneira certa de falar). Mesmo com receio, caminhei no meio deles como alguém que "não estava ligando", precisava ser forte. Quando mudei pra SP, essa contraste pobreza X riqueza, foi algo me deixou apavorada. Não, não era só o medo, era quantidade de pessoas que perderam  a esperança de viver, que cada dia, era um dia a menos para eles, que mendigam o pão, que vendem seus corpos, que precisam aceitar tanto olhares de rejeição no dia, que cheiram mal. Por isso, naquele momento em que atravessei a Praça da Sé, precisei ser forte para aguentar tudo isso, forte para segurar o choro.
No meio do caminho, pensei que aquela situação toda não podia ficar assim. Que não é de alimento pra encher a barriga que eles precisavam. Que não é de roupa pra se cobrir. Que não era de droga para se "sentir bem".
Meu desejo naquele momento era poder abraçar e dizer o quanto eles  são amados, que não são esquecidos, e que Deus os quer, do jeito que eles estão. Que há um sopro de esperança e de amor. Mas não, naquele momento, aprendi outra lição.Estava sozinha. Não podia fazer nada. Apenas os notei com olhos de compaixão. E pude compreender que minha preocupação era viver e a deles, sobreviver nesse mundão.

"Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão seus rebentos.
Se envelhecer na terra sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como planta nova" Jó 14. 7-9



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